sábado, abril 5

A certidão de óbito do PSR foi publicada a 1 de Abril no Diário da República. A poucos meses de completar 35 anos, o partido trotskista dissolveu-se, de papel passado.

A notícia do fim do PSR não é mentira, mas também não é exactamente verdadeira. O PSR deixa de ser partido, mas continua como associação política que manterá a prática de liturgias como o envio de jovens para o acampamento de Verão da IV Internacional (este ano vai ser na Catalunha), a Escola de Formação Marxista, que se realiza aproveitando os feriados da Páscoa, e a actualização do site www.combateinfo.pt

O PSR também não faz exactamente 35 anos, pois foi fundado em 1978, como resultado da fusão entre a Liga Comunista Internacionalista (LCI) e o PRT (Partido Revolucionário dos Trabalhadores). Mas o PSR considera-se o legítimo herdeiro da LCI, criada em Dezembro de 1973, numa conferência clandestina realizada em Peniche e, por isso, no final deste ano vai comemorar a efeméride, talvez com um jantar.

O Bloco de Esquerda é a principal herança de vida que a LCI/PSR deixou ao País e ao mundo. Falar em mundo não é exagero porque não é conhecida outra experiência bem sucedida da reunião num mesmo partido de trotskistas e maoistas de obediência estalinista. Ao fim e ao cabo, Trotsky foi morto com uma picareta a mando de Staline...

Se olharmos para o Gotha da política portuguesa, é preciso usar uma lupa para descobrir um ex-trotskista. O MRPP forneceu um ex-primeiro-ministro e presidente da Comissão Europeia. A UDP deu-nos Jorge Coelho. Neste particular, o PSR tem um contributo muitíssimo mais modesto, quedando-se por Ricardo Magalhães, que foi secretário de Estado no Ministério do Ambiente de Elisa Ferreira.

Quando era rapaz, Augusto Santos Silva militou na UOR um grupúsculo trotskista do Porto que viria a integrar-se na LCI. Mas Augusto não acompanhou a fusão, porque no entretanto leu um livro sobre o papel de Trotsky no esmagamento da revolta dos marinheiros de Cronstadt.

Os dois líderes da Fundação, Francisco Sardo e João Cabral Fernandes nunca foram visita frequente das colunas de jornais. Sardo, professor de Lógica no curso de Filosofia da Faculdade de Letras do Porto, morreu prematuramente. Cabral Fernandes exerce Medicina.

Excluindo Francisco Louçã, militante da LCI desde a primeira hora e que permanece na política activa (é a cara do Bloco de Esquerda), há apenas um punhado de ex-trotskistas que são figuras públicas. Três exemplos: o editor Francisco Vale (Relógio d'Água), que foi o fundador da UOR, o jornalista Ferreira Fernandes (DN), que foi um dos líderes dos SUV, organização de militares que marcou o Verão Quente de 1975, e Miguel Guedes, vocalista dos Blind Zero, que chegou ao PSR por via da luta contra as propinas.

O PSR não legou ao País muitas figuras públicas, mas deixou as suas impressões digitais espalhadas na agenda política do País, onde introduziu temas fracturantes como as lutas contra o racismo e pela legalização do aborto e das drogas leves e a favor dos direitos dos homossexuais.

http://dn.sapo.pt/2008/04/05/nacional/psr_morreu_de_abril.html

quarta-feira, abril 2

O Partido Socialista Revolucionário (PSR) foi extinto, de acordo com um acórdão do Tribunal Constitucional (TC) ontem publicado em Diário da República. Segundo o acórdão, deu entrada no TC a 18 de Dezembro de 2007 a acta do XVI congresso do PSR, da qual consta a aprovação por unanimidade da dissolução. O PSR "morre" como partido depois de 35 anos de vida, já que surgiu em 1973 a partir da Liga Comunista Internacional, de inspiração trotskista. Em 1999, o PSR formou com a UDP e a Política XXI o Bloco de Esquerda. A transferência de militantes para o BE foi uma das razões para a extinção.